26 de jan. de 2010

Mão na Terra

Projeto incentiva estudantes a mudar comportamento ambiental

O projeto de educação ambiental Mão na Terra, implementado na Escola Estadual Profª. Dinorá P. R. Brito, em São José dos Campos (SP), mostra que por meio de atividades simples é possível despertar a consciência de que cada um tem sua parcela de responsabilidade sobre o meio em que vive.


Mobilizadores COEP - Como e quando surgiu o projeto Mão na Terra? Onde é implementado? Conta com parceiros?

R.: O Projeto Mão na Terra surgiu no final de 2007, através da iniciativa das professoras Rosa Maria Sousa Santos e Márcia Candotti, que participou da sua implantação em 2008. É desenvolvido, desde então, na Escola Estadual Profª. Dinorá P.R.Brito, em São José dos Campos (SP), com apoio do Instituto Embraer Cidadania. (www.cidadaniaembraer.org.br). O que nos motivou foi necessidade de promover educação ambiental para os alunos, cujos desejos estão relacionados aos valores da cultura de consumo. Acreditamos que, para que a mudança aconteça, é necessário que todos vivenciem práticas ambientais corretas.


Mobilizadores COEP - Quais os principais objetivos do projeto?

R.: O principal objetivo do projeto é proporcionar reflexão e consciência crítica através de atividades e vivências práticas que promovam a mudança de atitude em relação ao modo de interagir com o meio ambiente.


Mobilizadores COEP - Que atividades o projeto já realizou?

R.: Já foram desenvolvidas várias atividades: construímos uma cisterna para captar água da chuva e diminuir o consumo da rede pública; criamos uma horta em mandala, uma estufa e uma composteria – utilizada para transformar restos orgânicos em adubo para a horta. Também elaboramos um jornal, que visa conscientizar as pessoas em relação à preservação do planeta e as diversas ações que contribuem para uma vida mais sustentável; uma maquete em lego de uma cidade acessível, e colocamos em funcionamento a rádio Ciência, um projeto piloto de melhoria do ensino público. Acreditamos que a comunicação científica pode ter um papel muito importante na solução de problemas sociais, ambientais e no desenvolvimento econômico do nosso país.

Mobilizadores COEP – Por que optaram por construir uma horta em mandala?

R.: Para aproveitar melhor o espaço e a água, já que a produção é mais concentrada e diversificada, o que ajuda no controle natural de pragas e no acúmulo de nutrientes no solo. A proposta foi despertar o olhar dos alunos para o diferente, oferecendo a oportunidade de vivenciar uma situação alternativa ao padrão cotidiano.

Na horta em mandala, trabalhamos adubação verde, manejo sustentável do solo, rotação e consórcios de culturas. Para incrementar nossa horta, também trocamos sementes com os alunos do professor Rogério Haesbert, da Escola Municipal João Brasil, em Niterói (RJ). Por meio das atividades, trabalhamos com o cultivo orgânico, a conscientização sobre a correta utilização dos recursos naturais e a preservação ambiental, além da percepção socioeconômica e espacial. Paralelamente, incentivamos a leitura e escrita no sentido de concretizar práticas mais próximas da realidade dos alunos. Os alunos foram incentivados a escrever cartas e trocar sementes com a escola do professor Rogério. Quando as cartas retornavam, vinham também as sementes, que eram plantadas na horta.


Mobilizadores COEP - O que é preciso para fazer sabão ecológico?

R.: Na confecção do sabão ecológico e detergente, buscamos a conscientização da comunidade para o descarte correto do óleo de cozinha, que em geral é despejado na rede de esgoto, contaminando a água, o solo e facilitando a ocorrência de enchentes. Queríamos mostrar aos alunos como é possível produzir sabão em casa, com uma receita simples, ingredientes fáceis, e ainda preservar o meio ambiente.

Para produzir o sabão, é preciso respeitar as quantidades dos ingredientes e o passo a passo descrito nos vários tipos de receitas, sempre utilizando o óleo usado e soda cáustica, nome genérico do hidróxido de sódio. Uma das receitas utiliza 5 litros de óleo, 1 litro de água, 1 litro de soda cáustica e 1 copo de álcool. Para fazer fazê-la, é recomendável o uso de recipientes e colheres de madeira e o acompanhamento de um adulto, pois a soda cáustica, quando misturada com água, libera muito calor, podendo causar lesões na pele. Se ingerida, destrói as vias digestivas e pode matar. O uso de luvas e máscara é imprescindível.

Para fazer o sabão, basta misturar os ingredientes, exceto a água, em uma vasilha plástica e ir acrescentando a água quente aos poucos, mexendo por uns 30 minutos com um pedaço grande de madeira (um cabo de vassoura, por exemplo). Em seguida, vamos despejar a mistura em um recipiente de madeira ou papelão forrado com plástico grosso e cortar no dia seguinte.

Mobilizadores COEP - O que é feito com o sabão produzido?

R.: Uma parte é vendida para manutenção do projeto e a outra, doada para os participantes das oficinas.


Mobilizadores COEP – Qual a proposta da maquete em lego?

R.: O objetivo da maquete foi proporcionar a reflexão sobre o lugar em que vivemos e a necessidade de construir espaços que atendam a todas as pessoas em suas diferentes necessidades.

Os alunos buscaram soluções responsáveis e criativas utilizando peças de Lego e materiais recicláveis para construção de uma cidade sustentável. Uma das propostas foi priorizar na maquete uma cidade onde existisse equilíbrio entre as questões sociais, ambientais e econômicas, reduzindo os deslocamentos e centralizando as atividades sociais.

Mobilizadores COEP – E quanto à Rádio Ciência?

R.: Trata-se de um projeto piloto do programa especial da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) de melhoria do ensino público. Desenvolvido em parceria pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Diretoria de Ensino de São José dos Campos (SJC) na nossa escola.

A produção de um programa de rádio sobre educação ambiental na escola promove a urgência de práticas de preservação ambiental. Mais do que a veiculação de ideias, o uso de diferentes linguagens de mídia e a familiarização com os equipamentos, associada a exercícios de elaboração coletiva da programação a ser veiculada e o respeito à diversidade de opiniões, transforma os alunos em mais do que produtores de mídia, desenvolvendo o senso crítico e incentivando o questionamento da realidade em que vivem.


Mobilizadores COEP – Por que criar um jornal ambiental na escola?

R.: O jornal, já na 6ª edição, tem a proposta de informar a comunidade escolar sobre as atividades do projeto e dar dicas ecológicas. Agora, produzir um jornal requer tecnologia e principalmente o domínio dessa tecnologia, que muitas vezes é o entrave real e preocupante para todos que participam da produção do jornal. Algumas situações vivenciadas nessa etapa, por mais simples que possam parecer, têm um grau de complexidade diferenciada para cada aluno, o que exige um conjunto de ações para superar os desafios. É preciso envolvimento, colaboração, responsabilidade e vontade de trabalhar fora do horário de aulas. Como a sala de informática foi desativada para reforma este ano, a produção do nosso jornal foi prejudicada.


Mobilizadores COEP - Como atividades como a horta escolar repercutem na segurança alimentar da comunidade escolar, em especial de alunos e familiares?

R.: Através das atividades da horta, os alunos percebem que podemos produzir alimentos mais saudáveis, em equilíbrio com a natureza, utilizando conhecimentos e informações simples, porém eficientes a um custo muito baixo.

Mobilizadores COEP - Como a escola financia os projetos que implementa?

R.: A implantação do projeto foi feita em parceria com o Instituto Embraer Cidadania em 2008 e sua manutenção é feita através de recursos captados na venda do sabão ecológico, rifas e venda de fotocópias (adquirimos uma máquina copiadora para a confecção do jornal ambiental). A escola tem uma parceria com o Instituto Unibanco, que em 2010 vai destinar recursos para manutenção da cisterna, que capta água da chuva e diminui o consumo da rede pública.


Mobilizadores COEP - O que as escolas podem fazer para viabilizar financeiramente projetos como esses?

R.: Uma alternativa é firmar parcerias com diversos setores da sociedade.


Entrevista concedida à: Renata Olivieri
Edição da entrevista: Eliane Araujo

Um comentário:

  1. Olá!
    Gostei muito de ver a entrevista do nosso projeto no seu blog. Agradeço.

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